Quando trabalhava na Trienal de Luanda tentava perceber o processo de produção artística daqueles jovens angolanos. Era engraçado assistir ao desenvolvimento das ideias e vontades e a sua quase imediata concretização. Não se perdia muito tempo a discutir os conceitos. A força era a da perspicácia em lançá-los de forma eficaz e de leitura simples, como uma espécie de jogo para se descodificar sem muitos truques. Sempre os trocadilhos como uma fórmula batida mas funcional de fazer pensar divertindo. Há ali uma frontalidade muito interessante e criativa. No capitalismo, a actividade criativa enquanto produção de mercadoria e bens negociáveis, características de todas as actividades práticas e produtos, era ali, claro, de suma importância. Todo o mercado da arte leva isto ao limite, mas nunca tinha interligado os dois momentos. Foi muito importante perceber o funcionamento, o espírito deste jogo. Depois, o brilho sofisticado do k-line, pladur e vinil contrastava com o pessoal que passava a vender na rua. Os putos e as mulheres, autênticas lojas ambulantes, olhavam para dentro da galeria, para aqueles objectos estranhos e contemporâneos, com um certo encantamento e magia. E isso era ainda mais belo!
sexta-feira, outubro 30, 2009
da produção
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