quinta-feira, outubro 29, 2009

há um ano na China

Thomas, um francês que vive há dez anos na China e tenta escrever sobre arte contemporânea, oferece-me um pedaço de pão nas traseiras de uma mega discoteca de Pequim e a conversa começa. Os artistas de Pequim andam todos a 'fazer broches', só estão interessados em vender, os de Xangai são arrogantes, e por aí afora. Em relação à Europa: está pessimista com a joke que a Itália se tornou e os bulshit antigamente revolucionários da França. Fala sobre a China mas não se coíbe de falar do mundo.
Eu penso: é o mesmo em todo o lado, são os ocidentais a darem opinião sobre os países onde vivem, sempre uma opinião filtrada.
Entramos na disco, que se chama 3.3, super estilosa e bem decorada, põe o Lux a um canto. Raparigas trajadas com vestidos brilhantes e corte clássico sentam os clientes. Parecem cavaleiras ou damas da corte. Avança-se para a pista de dança, um grupo de jovens chinesas com mini-saias e lantejoulas, penteados very trendy fazem roda para dançar. Puxam os homens para o centro e imitam o bambolear das ancas meio streep tease. A excitação é muita. A mesma excitação com que viam a exposição de arte contemporânea e tiravam fotos a todas as obras. A mesma excitação com que vão às compras e remexem na roupa. Uma avidez de consumo, seria o mais fácil de concluir, mas eu não o faço porque não sou o Thomas que pensa que sabe tudo sobre a China.

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