Há árvores que se dobram. Dobram-se sem que ninguém veja. Dobram-se porque têm na copa a ausência do chão e a seiva não chega para lhes matar a fome de terra. Querem tocar o princípio e ouvir as raízes quietas a crescer enquanto morrem devagarinho e dobram-se. Depois voltam a erguer-se e fremem apenas no vento. Eu nunca vi, nunca ninguém viu esse dobramento, ou melhor, esse desdobramento. Eu sei porque há nos troncos feridas e nas copas imagens fundas de luz entremeadas com sombras sem medo.
Dobrar-se ao chão para impedir que os pássaros se desintegrem e possam descansar nos ramos suspensos sem descanso nenhum.
Dobrar-se ao chão para impedir que os pássaros se desintegrem e possam descansar nos ramos suspensos sem descanso nenhum.
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