Um remexer dentro da cabeça. Uma vida demasiado preenchida, por opções tomadas e nunca fatalidade. Uma vida de encaixar tudo nos eixos de acordo com a suspeita exigida.
Era portanto a hora [nunca é a hora]. Pairava sobre a cidade um ar morno de nostalgia, apesar de uma constantemente emperrada tentativa de futuro. Era duro parar, ainda mais não ter motivos para agir. Havia quem perpetuasse a digna arte de nada fazer, de não respirar influências, de não ter que se justificar; secretas poses para um filme interior, para uma certeza a desenvolver que era cada vez menos certa e menos causadora de conflitos exteriores.
Cada um com os seus cansaços e as suas justificações, condensados numa estranha letargia, onde nada se passa e tudo circula com a maior pretensão de intensidade. Um olhar de vício, uns olhos de água por detrás das mãos. Esconder a cara, não há tempo para dores.
Connosco qualquer coisa de diferente, que inverta esta lógica absurda em que o funcional não nos deixa perceber os mecanismos. A máquina infernal é a primeira a intrometer-se nas mais profundas aspirações e ficamos a sentir de mansinho o desejo de dormir...
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