segunda-feira, julho 11, 2011

futuro

É normal que não se saiba envelhecer:
que fazer da vida sem a inquietação do futuro
como preenchê-la sem projectos e vontades não cumpridas
e as outras que irrompem no acontecimento.
sem a fome que ainda nos faz acordar numa pensão ao lado de casa só para tocar a pele clandestina
sem questionar os poderes da biologia que do nosso corpo podem gerar outro corpo (apressar as membranas dos outros seres ainda não bem-vindos)
e os tantos medos de falhar
sem sofrer ainda por impossíveis amores e destruir amores possíveis...
ver escancarada a crueldade do mundo nas terras onde não há tapetes fofinhos nem rendimentos mínimos
sentir nos anarquistas de Atenas uma virulência convicta que mostra, a ferro e fogo, que não são os governos nem as polícias a domar as nossas vontades.
acreditar na destruição, viver no meio dela e, nas chamas dos carros ardidos, antever a esperança, o que nos une no futuro em aberto.

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