Não sei de que fugíamos.
Dizer que era da vida pareceria
demasiado lírico, demasiado verdadeiro
- e a vida raramente aproveita a um poema.
seja como for, a cidade
predispunha -se, aceitava calmamente
pequenos gestos de ternura
(...)
As tardes no jardim, um pouco lúgubres,
prenunciavam a costumeira subida:
jantavamos os dois por setecentos escudos,
mesmo ao lado da taberna que nao tinha mesas.
Saía barato, o amor. Por não sabermos,
ainda, que teríamos de o pagar a vida inteira
com juros aziagos e versos de demora.
Manuel de Freitas, rua de motarroio, Juros de Demora
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