terça-feira, fevereiro 15, 2011

Não sei de que fugíamos.
Dizer que era da vida pareceria
demasiado lírico, demasiado verdadeiro
- e a vida raramente aproveita a um poema.

seja como for, a cidade
predispunha -se, aceitava calmamente
pequenos gestos de ternura
(...)

As tardes no jardim, um pouco lúgubres,
prenunciavam a costumeira subida:
jantavamos os dois por setecentos escudos,
mesmo ao lado da taberna que nao tinha mesas.

Saía barato, o amor. Por não sabermos,
ainda, que teríamos de o pagar a vida inteira
com juros aziagos e versos de demora.

Manuel de Freitas, rua de motarroio,
Juros de Demora

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