domingo, janeiro 09, 2011

cidade-presépio

Estávamos a filmar o não movimento da praça nova à hora de almoço. Naquele silêncio da hora do calor, aí vem o Manel na sua mota. É um amigo das Canárias que gere os barcos Tarrafal e o Sal Rei em Cabo Verde. Tem um capacete que mais parece da 2ª Guerra mundial. Pára. Incrível a sua memória visual, o reconhecimento imediato como se me tivesse visto ontem: "Ninguém nunca chega a desaparecer da ilha" diz-me, "está cheia de fantasmas dos que já partiram".

É como se me tivesse escondido numa rocha e reaparecido passados 5 anos com a maior das naturalidades. E reconheço aquela vida sabin e tranquila do Mindelo ao fim de tarde. Cumprimentar as mesmas pessoas cinco vezes ao dia, entrar nos cafés e lojas, como se todas as áreas da cidade fossem parte da família.

Uma cidade-presépio onde, cada um com os seus dons e dotes, avança ao centro para devotar algo ao outro. Sempre em territórios confortáveis, por vezes repetidos.

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