quinta-feira, maio 06, 2010

incógnita

Por mais que a gente conheça uma pessoa e veja nela uma lisura, um presente encantador, umas tantas certezas e opções, devaneios e interesses estéticos – tudo isto de acordo com a experiência criteriosa que soube cultivar o personagem – há sempre o lado enfastioso e sombrio: um passado, uma família, as podridões e chatices habituais, uma série de traições, riscos que não quis tomar, defeitos e deselegâncias. Terá sido um cafageste para alguém, um colega que não passava os apontamentos, um canalha que não parou o carro com um velho aflito a gesticular no meio da estrada, um vira-casacas, um mariquinhas que se recusou a enfrentar uma situação difícil a determinada altura. Ou um daqueles homens especialistas em decepar sonhos de mulheres.

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