segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Camponeza

O papel cavalinho comprado na rua do crucifixo às voltas pela baixa com uma criança pelas mãos. Os sovacos vão suando ligeiramente. Passo num café antigo, a Camponesa, que dantes era antro de hippies e alguns drogados com um casal sempre a responder mal e aos berros e a expulsar os bêbados.

Era uma espécie de família de socorro dos dias que passam sem se passar nada, a não ser umas discussões vagas de quem leu umas coisas mas muito pouco e sabe dizer nomes de meia dúzia de filósofos como Nietzsche e blá blá blá. poetas. muitos poetas, freaks da rua augusta, meninas de belas artes e marinheiros.

Era uma casa à qual se rumava todos os fins de tarde, mesmo quem vinha de outra ponta da cidade. no meu caso pelo fascínio de estar com pessoas que trocavam experiências e conversa solta. E havia umas personagens sempre presentes como L. que não estudava nem trabalhava, tinha pais ricos mas abdicara de lhes mimar as expectativas para se entregar ao ócio e bebida. 

Agora é apenas um café bonito conservado na sua aura de leitaria de outrora, meio arte nova, e muito bem localizado (ao lado do animatógrafo). 


1 comentário:

Joana Guerra disse...

"Agora é apenas um café bonito..."
Eu gosto de beleza! e porque já não páras ao fim de tarde? Foi o café que mudou ou foste tu?
Sublinho que, ainda que houvesse mudança, preservou-se o bom gosto e a arquitectura da casa! Em vez de um ataque de inox!