sexta-feira, dezembro 21, 2007

monólogo

Tu darás azo ao teu sentimento, às tuas memórias nostálgicas da adolescência, aos teus sonhos privados de mulheres ideais.
E eu não quero saber. Vou sentir-me no papel de ampára-quedas, e penso que estamos a entrar na comunicação caixote-do-lixo. Alguém que fala fala e o outro ouve. Sentes-te bem, bebes e comes, e desbobinas os teus dramas, as tuas opiniões, as tuas questões. O meu silêncio e compreensão são a tua sensação confortável de que podes continuar por ali a fora a dar rédea solta ao teu ego. Não há contemplação possível do outro nas tuas palavras a não ser atirar-mas para que fique com elas e faça o que bem entender. Porque é que esta merda nunca é equilibrada? Eu conto-te uma história minha, logo há uma associação de ideias que te faz ligar a uma história tua que aniquila a minha, e os planos, de realidades inconciliáveis, sobrepõem-se. Quanto mais falas mais eu tenho vontade de calar. Mas não, não devia ser assim. O contágio, o entusiasmo. E entretanto já chegou o caril e interrompes o teu discurso com breves comentários à comida e aos sabores. Sabes e prezas o significado de comer bem. Mostras que conheces muitas culturas pelo prazer da carne. As coisas que nos fazem sentir vivos.

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