segunda-feira, junho 19, 2006
epiderme
África é o último continente surrealista, diz o Cesariny. O mistério quotidiano é um veneno, a reivindicação do desejo e da esperança dos homens numa época de depressão triunfante é um verdadeiro antídoto. Estar longe da amargura e sarcasmo constantes, daquele abandono de corpos que não se desnudam e não se aquecem uns nos outros e por isso são atirados assim para as discussões como forma de afirmação. Cheios de frieza no corpo, os rostos tornam-se esverdeados, tensos, e as palavras saem em compassos arrítmicos, sem doçura. Para a sensibilidade crescer, tem de aderir às coisas que mexem com a epiderme, mas trabalhada de forma íntima, na ordem da perdição.
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