segunda-feira, junho 19, 2006

Arborescências

Silêncio forçado: era isso que lhe impunham de cada vez que a massa cinzenta se atirava contra as paredes intra-cranianas. Ouvia-se, nesse momento, um uivo lancinante e os olhos dele iluminavam-se de verde. Depois do alarme dado, acorriam-lhe, amordaçavam-no e tentavam impedi-lo de bater com a cabeça nas paredes. O silêncio forçado era exigido nesses tempos de insuportável barulho palavroso. O caso clínico dele era dos mais delicados: sensibilidade extrema - caso inadmissível numa sociedade devidamente controlada e limpa, onde as pedras têm de ser polidas e as árvores têm que imitar homens inteligentes.

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