quarta-feira, maio 10, 2006

se ainda o lês...


pior, alheio-drenado
não tenho lágrimas
certo, desse modo
coisa que areenta, bolor do branco
que se acumula na minha madeira
intratada

dou-te uma atenção
arranco-a ao quotidiano premente
irrompes no teu estado, remoto
que não tenho, que não sei, que não sei o que é
que queria
corpo dolente, cabeça caída
portanto meu sonho,
cabeça caída, tua temperatura

doces mãos, fendidas-recurvadas
a quem pertencem estas?
a outra cabeça lançada
pela silva
que passa entre os meus cabelos levemente sujos, coalhados no casaco
e nos passos entre o frio
da pose amadurecida, queimada
momento, lá está o vento
vida, quê?
uivada,

dizes: ressurgir
e assim pego numa palavra tua
triste não sei escrevê-la
agito-a, morta
nem lhe chego com as mãos aos pés
morro nela, noutras de ilusionismo solto
destino vazo, botânica de mortos
ah sobra
o frio bendito e essas folhas secas

tomo
tua crença, tomada
acolhida, mas desabrigada, perdida nesta resposta
credo, que palavras uso, aceras e promontórias
quebras do espanto, querido analfabetismo manual
martelos na cabeça, pena
que pede um pouco de paz

tanta merda abstracta,
mas o que queria mesmo te dizer
é que a coisa aqui tá preta...
oxalá me te pudesse abraçar

(2003)

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