que desespero súbito
parece súbito
que premência
que estrangulamento
que devoração ansiosa
de outro corpo
antevejo
em redor
arfeias bruta, magra
o fumo de um ar novo
recomposto de elementos mais raros
precioso
de vulgar
precisas talvez de vulgaridade
que te expulse
do teu buraco
desliza levemente
resguarda
um desejo selvagem
(que não compreendo, eu)
mas voraz
envolto
em perícia multiplicada,
em desvios
não facilites, no entanto
porque dou conselhos?
chegou a hora
de partires a cara
novamente
quantas vezes o podemos
repetir
eis-te defendida
por uma mutação ocorrida
nestes anos de espera
a confiança
enfim,
não há risco de
amputação
ficas inteira
enquanto te lanças
os membros decepados
ocorrem entretanto
porventura na calma turva
de uma relação
que dura
ineficaz
e podres
já vivemos todos
esquecemos
outra maneira
não é?
não, não é
alguém, uma vez, esta
não será
mesmo descrente
para ti
(meu amor antigo
desocupado, inocorrente)
se bem que
enquanto irrompem
não se assemelhem
em breve se dissipa
a cor particular
é o que eu gosto no cinzento
não engana ninguém
(2003)
[este escrito provou o seu engano, prova ela sim feliz de que os sinais, tão difíceis de interpretar, dependem ainda de uma vida que se revolve livre e não apenas em dívidas, apesar dos anos de acumulação.]
1 comentário:
que cinzento bonito... fica-te bem...
Enviar um comentário