Nas escadas em lágrimas (Michaux e Celan I)

« Seria igualmente em Janeiro [de 1959] que Michaux encontraria Paul Celan, estabelecido em Paris desde 1948. O encontro foi relatado por Christoph Graf von Schwerin, que conduziu Celan a casa de Michaux. Muito ansioso, Celan temia ver repetida a decepção que pensava ter provocado em Char aquando de um encontro anterior. Michaux acolheu-os com generosidade, oferecendo-lhes whisky, de que Celan abusou um pouco. Após uma conversa sobre poesia cujo essencial escapou à testemunha, deixam Michaux, e Schwerin encontra-se nas escadas com Celan em lágrimas, abatido devido a certos detalhes do encontro. Tenta com a maior dificuldade acalmar Celan, que não voltará a casa nessa noite. Algumas semanas mais tarde, interrogado por Schwerin, Michaux confessará que Celan, “esse poeta alemão que fala um tão bom francês”, é uma personagem difícil e que, tomando-se a si próprio por alguém de difícil, teve o sentimento, no decorrer dessa conversa e face a Celan, de ser como um camponês e de se conduzir cada vez mais como tal. »

Raymond Bellour et Ysé Tran, «Chronologie (1947-1959)», in Henri Michaux, Oeuvres complètes, II, Gallimard, Paris, 2001, pp. XLIX-L.