quarta-feira, março 29, 2006
herança militar
Fotografia de Kiluanji Kia Henda
Comíamos peixe e frango grelhado no Maculusso enquanto falávamos do ano sanguinário de 77 em que tanta gente foi assassinada e presa e a cidade era um fantasma do medo. Eu, três artistas kaluandas e a observadora de eleições. Aparece um mwadjé todo vestido à militar com uma placa a dizer «guerra de fogo». Começa a tirar do bolso as medalhas, boina, telemóvel sem chip, caneta, relógio, todos os objectos do seu orgulho. Começa a falar muito rápido a recitar o manual de instruções de uso de armas e materiais, estrutura militar, por onde andou, os seus camaradas, os seus líderes ideológicos. Mas a grande reflexão foi sobre questões de honra a partir do pedido recusado que me fez: «madrinha, arranja só mil kwanzas».
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