Uma impressão, primeiro, brevíssima. Uma tomada de consciência muito forte, depois.
Uma pessoa caminha desprevenida à espera de absolutamente nada e, de súbito, uma urgência lancinante a vibrar pelo corpo todo. – O que foi? O que é isto? – São as árvores. As árvores por aí, num verticalismo por vezes torcido, ora sós, ora fazendo companhia umas às outras.
O que sempre me apavorou foi saber que algumas delas estão doentes ou mesmo mortas sem darmos por isso. E eu, enquanto caminho por aí, pelo mundo inteiro, aflita, cheia de ânsias (como diz a minha mãe), a perguntar-lhes sem que ninguém ouça: - Estás viva? Como se isso fosse fundamental: saber que as árvores estão vivas, que aquele verticalismo por vezes torcido vale a pena. Um sobressalto constante, um episódio de urgência em cada esquina. A minha atenção toda no recorte das folhas secas caindo em voo picado floreado no chão e nas copas luzidias em movimento suspensas no pico de um céu cada vez mais baixo.
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