tardia
resposta
de voz enfraquecida
porque
venho do cansaço
como tu
o que escrevi
sem envio
muito antes
primeiro
–
que foi?
o que se passou?
esqueci-me de ti, de alguma coisa?
da nossa conversa, do órgão sem tempo
pensei que querias tentar no domingo
apareceste sorrindo, de tarde
à minha indisponibilidade
às vezes apareço e desapareço
sem notar
ficaste sentida?
soubeste-me bem
abertura
tinha chegado a casa de um passeio nocturno desesperado
e apeteceu-me estar contigo
deslizar devagar para ti
conhecer-te
estou tão cansado
desta vida
e de mim
–
mas
era preciso?
atravessar a floresta, tocar
ao ensaio
a primeira nudez, escrita
que diz e retira, do bom silêncio
assim me tocaste, desta vez
para este presente, que venha a ser
com peso, apesar
de distante
a penumbra, desejada
que acompanha, de cheiro premente
e corpo oscilante, convulso
raramente pacificado
a mais
fico acordado
enquanto
não me preparo
não me deito
para folhas brancas
de cada vez
adiadas
asseguradas
pelo dia sem
calma
nublada
endereçada
por isso
desta insónia
convenço a noite
do esvazio
das ruas acesas
que tanto importam
às vozes em sono
desbocadas
iluminadas
dos desocupados
irradiados
tremores da lucidez
no cinzento
para abrigo
escolhido
noto
meio desesperado
que a
partícula transparência
está
totalmente
coberta de poeira
assim
como os rostos
conhecidos, desconhecidos
perdidos, despidos
tropeçados
a caminho
nocturno e diurno
do esquecimento
incendiado
desagregado
na solidão
a minha
inconvivente
antecipadora
da permanente madrugada
que quando a luz
ainda não magoa
em movimento contrário
avisa
da hora de deitar
a cabeça
não é certo
que voem
as dispersões
perderam
as suas asas
talvez
na cumplicidade
eterna
afinal é preciso
manter algum
músculo
de ocasião
desejei
por vezes
que resgatasses
o fio ao lugar
e assim fizesses
também tu
cair
os tectos
e com ele
as vozes
pousadas
venho do cansaço
como tu
assim mesmo
de imensos pesos
as subtracções
que aliás aumentam
as vozes roucas
de caladas
ou de poucos
sussurros
vencidas
nos risos
tão tristes
da espera esperança
e não vejo reparação
nem dormir
que liberte
o afecto
da exclusão
sob o silêncio captado
porque
como dizes
os vento os fez daqui
no mesmo lapso
e parece
sem resgate
respirar
o vivo
na pausa
onde não mora ninguém
por agora
donde venho
trago isto
e outros gestos
depois se vê
mas
que difícil
é atraiçoar
a tua escrita
deveras ligada
secreta
resposta
de voz enfraquecida
porque
venho do cansaço
como tu
o que escrevi
sem envio
muito antes
primeiro
–
que foi?
o que se passou?
esqueci-me de ti, de alguma coisa?
da nossa conversa, do órgão sem tempo
pensei que querias tentar no domingo
apareceste sorrindo, de tarde
à minha indisponibilidade
às vezes apareço e desapareço
sem notar
ficaste sentida?
soubeste-me bem
abertura
tinha chegado a casa de um passeio nocturno desesperado
e apeteceu-me estar contigo
deslizar devagar para ti
conhecer-te
estou tão cansado
desta vida
e de mim
–
mas
era preciso?
atravessar a floresta, tocar
ao ensaio
a primeira nudez, escrita
que diz e retira, do bom silêncio
assim me tocaste, desta vez
para este presente, que venha a ser
com peso, apesar
de distante
a penumbra, desejada
que acompanha, de cheiro premente
e corpo oscilante, convulso
raramente pacificado
a mais
fico acordado
enquanto
não me preparo
não me deito
para folhas brancas
de cada vez
adiadas
asseguradas
pelo dia sem
calma
nublada
endereçada
por isso
desta insónia
convenço a noite
do esvazio
das ruas acesas
que tanto importam
às vozes em sono
desbocadas
iluminadas
dos desocupados
irradiados
tremores da lucidez
no cinzento
para abrigo
escolhido
noto
meio desesperado
que a
partícula transparência
está
totalmente
coberta de poeira
assim
como os rostos
conhecidos, desconhecidos
perdidos, despidos
tropeçados
a caminho
nocturno e diurno
do esquecimento
incendiado
desagregado
na solidão
a minha
inconvivente
antecipadora
da permanente madrugada
que quando a luz
ainda não magoa
em movimento contrário
avisa
da hora de deitar
a cabeça
não é certo
que voem
as dispersões
perderam
as suas asas
talvez
na cumplicidade
eterna
afinal é preciso
manter algum
músculo
de ocasião
desejei
por vezes
que resgatasses
o fio ao lugar
e assim fizesses
também tu
cair
os tectos
e com ele
as vozes
pousadas
venho do cansaço
como tu
assim mesmo
de imensos pesos
as subtracções
que aliás aumentam
as vozes roucas
de caladas
ou de poucos
sussurros
vencidas
nos risos
tão tristes
da espera esperança
e não vejo reparação
nem dormir
que liberte
o afecto
da exclusão
sob o silêncio captado
porque
como dizes
os vento os fez daqui
no mesmo lapso
e parece
sem resgate
respirar
o vivo
na pausa
onde não mora ninguém
por agora
donde venho
trago isto
e outros gestos
depois se vê
mas
que difícil
é atraiçoar
a tua escrita
deveras ligada
secreta
por que vida?
(2004)
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