sábado, janeiro 21, 2006

alguns nomes não chegam


precisava
deveras
de vez
de uma paisagem nova
triste e ambígua
infinita

miserável

habitada
por alguém que convivesse com o medo
há muito tempo
sem sobranceria
que bebesse muita água
e na noite
sua magra aceitação
ficasse quieta
em tristeza
a ouvir
a rádio e os barulhos da rua

tu estás bem assim
generosa
mas
alguns nomes
não chegam

às vezes
era preciso
outra natureza inteira
impaciente
de betão, humidade, bichos mortos, madeira, sempre pó
muda
longínqua
mais rente
à minha inércia
cansaço

(2003)

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