« Para muitas pessoas a verdadeira perda do sentido político é juntar-se a uma formação partidária, suportar as suas regras, a sua lei. Para muitas pessoas também quando falam de apolitismo, falam antes de tudo de uma perda ou de uma falta ideológica. Não sei vocês o que pensam. Para mim a perda política é antes de tudo a perda de si, a perda da sua cólera tanto como a da sua doçura, a perda do seu ódio, da sua faculdade de ódio como a da sua faculdade de amar, a perda da sua imprudência tanto como a da sua moderação, a perda de um excesso tanto como a perda de uma medida, a perda da loucura, da sua inocência, a perda da sua coragem como a da sua cobardia, tanto a do seu espanto diante de cada coisa como a da sua confiança, a perda dos seus choros como a da sua alegria. É o que eu penso. »
Marguerite Duras, Les yeux verts (1980), [trad. minha], l'Étoile/Cahiers du cinéma, Paris, 1996, p. 13.
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