A miúda do subúrbio lembra-se de quando a levavam a passear ao parquezinho infantil, no meio dos tubos de escape, de um quadrado-jardim feito à pressão para meninos como ela brincarem com emoção retemperada. O seu pequeno contentamento quando, depois de outro menino se abeirar para lhe cuspir cinicamente, respondia com a boçalidade aprendida em casa e para que nunca mais ninguém se risse da sua cara.
Eram os tempos despreocupados, nem o totoloto nem o subsídio de férias a faziam suspirar.
Já Benedita tinha ido àquela zona mas não era de lá. As mãos ainda lhe cheiravam a comboio e experimentava a pegajosa e claustrofóbica sensação que os prédios e os senhores de fato de treino de domingo com carros a serem lavados lhe atiravam à cara, como dizendo: "a tua sensibilidade não cabe aqui."
Benedita observava Carla com desdém, desconhecendo que era tão pequena como ela, iludida em festas de pessoas vistosas e fantasias de namorados com olhares galantes de nenhuma espessura.
Já Benedita tinha ido àquela zona mas não era de lá. As mãos ainda lhe cheiravam a comboio e experimentava a pegajosa e claustrofóbica sensação que os prédios e os senhores de fato de treino de domingo com carros a serem lavados lhe atiravam à cara, como dizendo: "a tua sensibilidade não cabe aqui."
Benedita observava Carla com desdém, desconhecendo que era tão pequena como ela, iludida em festas de pessoas vistosas e fantasias de namorados com olhares galantes de nenhuma espessura.
Para Benedita os dias passavam entre a conspiração privada do seu sucesso num mundo com exigências de superficialidade.
As duas meninas cruzaram olhares no café e nem farejaram a solidão uma da outra, tal era a distância dos códigos sociais. E já sabemos como ninguém perde tempo a desconstruir essa tanta coisa que se coloca antes do ser-se pessoa.
A Carla esperava o Tony para um passeio ao centro comercial, a Benedita dispensava aquele subúrbio da sua vida, estava perdida e destoava no café, a mulher-a-dias nunca mais chegava, telefonava angustiosa à mãe a quem avisava que nunca mais voltaria àquele lugar omisso às conversas giras.
Carla pergunta: “olha lá, tens um cigarro?” Benedita nem sorri, dá o cigarro com o mesmo desprezo de 10 cêntimos a um mendigo. Desaparece.
As duas meninas cruzaram olhares no café e nem farejaram a solidão uma da outra, tal era a distância dos códigos sociais. E já sabemos como ninguém perde tempo a desconstruir essa tanta coisa que se coloca antes do ser-se pessoa.
A Carla esperava o Tony para um passeio ao centro comercial, a Benedita dispensava aquele subúrbio da sua vida, estava perdida e destoava no café, a mulher-a-dias nunca mais chegava, telefonava angustiosa à mãe a quem avisava que nunca mais voltaria àquele lugar omisso às conversas giras.
Carla pergunta: “olha lá, tens um cigarro?” Benedita nem sorri, dá o cigarro com o mesmo desprezo de 10 cêntimos a um mendigo. Desaparece.
É perseguida por um tarado que lhe mostra o sexo, quase ao pé da estação.
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