sexta-feira, fevereiro 25, 2011

les temps sont difficiles

Avisavas do perigo do sarcasmo, que estava aí a chegar, o buraco onde a nossa geração se espalharia ao comprido. Podíamos fazer a diferença, com a nossa condição de transição perigosa que, apesar de tudo, não foi totalmente domada pelos poderes. Mantínhamos a inquietude. E que alguns dos que vinham já aí, ligeiramente atrás de nós, quereriam lá saber dessas perdas de sentido, da redução das liberdades individuais ou de uma pós-utopia a definhar. Para ser pessoa faziam uso apenas da ostentação de bens. E porque é que isso não há-de chegar? boa casa, um mulher linda, um carro mudado de 3 em 3 anos, umas viagens ao exotismo controlado do Brasil, filhos crescendo com seguro de saúde. Que mais?
Que estes não sofriam culpas nem de angústias, entravam voluntariosamente nos códigos da autoridade, especializam-se em gestão, marketing, vassalagem e arrogância entre si e contra quem não tem essas bandeiras na vida. Prestavam-se ao exercício de corresponder à imagem do mundo actual, uma podre decadência com próspera ambiência.
Avisaste disso tudo, porém, ali ficaste também.

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