quarta-feira, janeiro 28, 2009

filhos da revolução aborrecem-se

Penso nos filhos tão bem educados que somos, que tivemos aceso a tudo, que crescemos felizes sem carências, cuja educação de esquerda sonhou gente solidária e lutadora. A quem contaram, como se de uma história romântica se tratasse, as coisas dos tempos dos nossos pais como o black power, os hippies, a oposição à guerra do Vietname, o Maio de 68, a primavera de Praga e as heróicas imolações, o assassinato de Cabral, golpe de Pinochet e suicídio de Allende, os fascismos domésticos e a luta pelas Independências, o 25 de Abril, a vinda das províncias para a cidade trabalhar muito e estudar à noite, a boîte em vez de discotecas, a libertação de presos em Caxias e todas essas matérias que agora servem para fazer filmes que misturam o entretenimento e o pedagógico. É certo que por vezes as estórias têm um tom ressabiado: a geração deles é que tinha a cabeça no lugar e privações que nós hoje não iríamos aceitar, que somos tão afortunados porque eles não viveram metade da liberdade que nós agora gozamos. E na qual nos entediamos tanto.

Sem comentários: