segunda-feira, agosto 13, 2007

segundas sem sol

Segunda de manhã nos cafés, a bica antes de picar o ponto, os portugueses alternam entre a discussão do sim, não, talvez, aborto, vida, crime e a imitação dos sketches do Gato Fedorento. Não sei o que é mais divertido. Também há um concurso do melhor e maior português de sempre, vozes divididas entre os reis e os poetas, e voltámos a ter cartazes com a cara do Salazar na rua o que pode muito bem angariar simpatia dos velhinhos desamparados.
O ar conspirativo das assalariadas nos cafés, nos escritórios, que falam da vida dos outros sobretudo das outras com os cigarros bem esticadinhos para o céu. Donas de casa asfixiadas na rotina familiar, nas depressões pós parto, sem coragem para o adultério, vigilantes da segurança do bairro, trabalhadores que fortalecem o patronato com o seu lado miserável bem exposto.
(fevereiro)

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