segunda-feira, agosto 27, 2007

o autista

Quando anda a filmar fica completamente autista, pensa que o objecto que ocupa os seus dias é a coisa mais importante do mundo. Tudo o resto deixa de existir, o quotidiano das pessoas afigura-se simples banalidade, como se parassem de sofrer, de ter preocupações e as alegrias tornam-se apenas fúteis. Fortalece-se na cápsula de intensidade de relações numa equipa, no sentido comunitarista de algibeira que é trabalhar em conjunto para o mesmo fim. Vive a ilusão temporária que se está a fazer alguma coisa e acredita que, por aqueles dias, o mundo fica de facto suspenso. Só ali está condensado o segredo para a compreensão das coisas, as emoções das personagens são mais fortes e verdadeiras do que as de qualquer pessoa de carne e osso.
Esse autismo não chega a ser desprezível, só ridículo. Não reconheço nenhuma humanidade num filme que passe por tal deturpação. Depois o frustrante resultado deixa-o angustiado, quase desiste. Mais tarde recomeçará o ciclo.

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