terça-feira, agosto 21, 2007

abandono

O medo não se controla, é quando me sinto pequeno e impotente. O vento vem suavemente e eu não o sinto, cada som é uma ameaça, mas o vento já não o sinto, a minha cara está desertificada, não reage, estou sozinho. Têm fugido todos, nem uma só papoila para colorir a história, nem um cadáver será lembrado sequer. Nesta terra corre-se às vezes, ultrapassa-se montanhas e atravessa-se desertos e infinitas ruas entre as aldeias, olhando a medo por trás do ombro, olhando o medo pela frente e debaixo o medo que nos come como vermes. É um pecado de abandono. Continuamos o século das guerras e dos genocídios, a destruição interior, o esvaziamento de sentido que envenena o ar que inalamos.
(Ruanda, Sudão)

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