terça-feira, janeiro 09, 2007

presa na fábula

Nele tudo coincide: o olhar vibrante, a voz doce e tensa, a fluidez dos gestos, a conversa que chega sempre ao âmago. Os dizeres ampliam-se até me tornar efectivamente sua presa nos emaranhados fios da fábula, da memória que dá destino e densidade ao mundo e suas brigas.
É o esplendor da perfeição que nos afasta. Quando abro um dos seus livros não é o cair em determinada frase, é como todas se conjugam [não de forma bela e bem arquitectada, têm falhas, obstinações e recorrências óbvias para quem o conhece] em tanto sentir, um sentir quase puro de quem acredita, de quem fica comovido e por isso recorre à descrição para dar alguma dignidade aos objectos da sua comoção.
Talvez o ame, mas que interessa o amor no meio da euforia da maravilha do minúsculo?

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