segunda-feira, setembro 18, 2006

o futuro

Detesto o gesto de engolir fumo com a maior calma do mundo, poluis-te por dentro com ar de dominador de situações. Foi com esse gesto que acordámos na barbárie. Quando num canto do mundo, arrogantemente, pessoas eram mortas com gás, mortas pelos supostos salvadores. E nós nesse dia preciso caminhámos para a esplanada verde cheia de pássaros.
Uma dessas manhãs em que tudo renasce depois da tristeza de não se acertar o passo com a avidez. E o amor poderia ser simples e belo, apesar das máculas, apesar de sentir que há um espaço de abandono, de desconhecimento. Apesar de. Apesar de. Era uma dessas manhãs em que começas a reconhecer a semântica da palavra força.
E sobrepondo-se a esta sensação há velhos a andar periclitantes, vejo-os e reconheço neles o futuro, a estranha predestinação que nos acompanha denegrindo qualquer aspiração à imortalidade. A única possível: fazer o melhor que sabemos.

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