«– Às vezes – disse Poli – pergunto-me se as mulheres compreendem. Se compreendem o que é um homem... Ou correm atrás de nós ou fogem de nós para nos fazerem correr atrás delas. Não existe uma mulher capaz de estar só. – À uma da manhã encontram-se – disse Pieretto. – Houve um tempo em que as julgava sensuais – disse Poli, baixando a cabeça –, julgava que elas eram pelo menos capazes disso. Mas qual quê! A sensualidade delas está à flor da pele. Não há mulher que valha uma pitada de droga. – Mas não depende também do homem? – resmunguei. – A verdade – continuou Poli – é que lhes falta vida interior. Falta-lhes liberdade. Por isso andam sempre à busca de alguém que nunca encontram. As mais interessantes são as desesperadas, as incapazes de se satisfazer... Nenhum homem as satisfaz. São verdadeiras mulheres damnées. – Dans les couvents – disse Pieretto. – Qual nos conventos! – disse Poli –, nos comboios, nos hotéis, pelo Mundo fora. Nas melhores famílias. As mulheres fechadas em conventos e prisões são as que encontraram um amante... O deus que imploram ou o homem que mataram não as deixa um momento, e elas estão em paz... (...) – E a respeito de Gabriella, sabias? – O quê? – Que está apaixonada como uma gata? Admitiu que sim. Mas disse a seguir:
– Quem é o rato?»
Cesare Pavese, O diabo sobre as colinas, trad. Fernando Gil, Lisboa, Portugália, pp. 211-212, 252.
– Quem é o rato?»
Cesare Pavese, O diabo sobre as colinas, trad. Fernando Gil, Lisboa, Portugália, pp. 211-212, 252.
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