Talvez erradamente, baseado em temores, acredito que o fenómeno da paragem de digestão é particularmente perigoso durante a noite. A ideia de se afogar no próprio vómito não parece agradar a ninguém. É uma imagem que não queremos fazer. Tudo começa com uma indisposição ainda não definida, incerta, que manifesta que algo não está bem. A dor de cabeça parece corresponder precisamente a uma inadequada relação entre o nosso corpo e o mundo em geral. É preciso ter atenção. Pensamos apenas em dormir, dormir. E aqui se dá a tão distraída hesitação... Acordados ainda, sofredores, verificamos algumas horas depois que decididamente não, não deveríamos ter dormido. O corpo atrapalhado, mesmo durante a nossa sonolência feliz, desarmada, encarregar-se-ia de expulsar quase tudo aquilo que não lhe convém. A hesitação, aquele momento prudente, baixo sussurro, impediu mais uma imagem de nascer. Um corpo pasmado em fundo de amanhecer... Hesitar implica não decidir, suspender a vida que queremos viver. Mas também, mais raramente, impedir que a morte, por vezes também ela tão discreta, se insinue sobre o nosso corpo dolente. Entre hesitações desatentas se salva aos poucos uma vida.
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