Sonho de mochila a percorrer o mundo, tendo-o pela mão se a viagem nos estender a ele. Ser desprendida o suficiente para poder cruzar o espaço vasto que nos é casa histórica com todas as suas tensões; atravessá-lo e permanecer na mesma ignorância, não abraçar filosofias orientais porque o meu animal interior não larga o berço onde nasceu feito de desejos e materialidade, não ficar a pertencer a nenhuma das capelas imperfeitas, apenas ir e reter o que persistir emocionalmente.
Pergunto-me o que é estar longe de casa e não sentir que se está longe de nenhum centro. Ou, melhor, o que é ser casa, estar abrigado, protegido, com alguém que nos espera e nos espreita por cima do ombro quando escrevemos no computador.
Toda a presunção de que o mundo nos pertence não passa de um rosto sem traços, o vestígio quase rasurado de um dia ter estado algures.
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