« Se em tôrno do cadáver de Heliogabalo, morto sem sepultura, e degolado pela sua polícia nas latrinas do seu palácio, há uma intensa circulação de sangue e de excrementos, em tôrno do seu berço há uma intensa circulação de esperma. Heliogabalo nasceu numa época em que toda a gente dormia com toda a gente e nunca se saberá onde nem por quem foi sua mãe realmente fecundada. Para um príncipe sírio como êle a descendência faz-se pela mãe–e, em matéria de mães, há em volta dêste filho de cocheiro, recém-nascido, uma pléiade de Júlias; e, utilizem ou não o trono, todas elas são putas rematadas.
O pai de todos, a fonte feminina deste rio de estupros e infâmias, tinha de ser cocheiro de fiacre antes de ter sido sacerdote; só isso explica o afã com que Heliogabalo, uma vez chegado ao trono, quer ser enrabado por cocheiros.
(...) » O pai de todos, a fonte feminina deste rio de estupros e infâmias, tinha de ser cocheiro de fiacre antes de ter sido sacerdote; só isso explica o afã com que Heliogabalo, uma vez chegado ao trono, quer ser enrabado por cocheiros.
Antonin Artaud, Heliogabalo ou o anarquista coroado, trad. Mário Cesariny, Assírio & Alvim, Lisboa, 1991
(«Grandes Aberturas» é uma rúbrica, que aqui prosseguimos sem autorização nenhuma, d'Ad Loca Infecta)
1 comentário:
gostaria que o colega de letras me mandasse um email comuicado se tem interese em recebermeu mais recente livro.
agradeço se o amigo ler com atenção e se possivel tiver a consideração de divulgá-lo.
tiojin13@hotmail.com.br
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